Vacinas adaptadas para variantes do coronavírus são a próxima fase de combate à pandemia
Foto de Leonhard Foeger - Reurers

SÃO PAULO — Em meio à atual campanha de vacinação para conter a Covid-19, diversas estratégias de saúde pública foram desenhadas emergencialmente em nome da celeridade do processo e da proteção da população. No meio do caminho, por exemplo, admitiu-se que alguns esquemas vacinais fossem concluídos com a combinação de imunizantes de fabricantes diferentes e a dose de reforço — já aplicada em quase 50 milhões de brasileiros — foi de expectativa a realidade em tempo recorde. Nesse cenário, uma nova mudança de rota na vacinação contra Covid-19, começa a ser discutida e, mediante a necessidade, poderá ser adotada em médio prazo. Trata-se da adaptação de vacinas em uso para diferentes variantes do coronavírus.

O processo de adaptação, explicam especialistas, seria semelhante ao que acontece com as vacinas da gripe, anualmente atualizadas — sob orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) — para agir justamente na proteção dos vírus em disseminação naquele período. Gustavo Mendes, gerente de medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), afirma que a atualização das vacinas é um tópico de discussão que ganhou força nos últimos tempos.

— Em um evento internacional, observamos os dados de quarta dose em Israel. E parece não ter tanta vantagem ficar dando doses de reforço (com a mesma formulação de vacina), ainda mais com a circulação da cepa Ômicron. Então, se fala cada vez mais na atualização das vacinas, na mesma perspectiva do que ocorre com a vacina da influenza — defende o especialista em imunizantes ao GLOBO.

Essa perspectiva sinalizada por Gustavo está alinhada com as movimentações recentes das farmacêuticas. A norte-americana Pfizer, por exemplo, iniciou no fim de janeiro as testagens de sua candidata a vacina desenvolvida a partir das especificidades da cepa Ômicron. A farmacêutica estima que para o desenvolvimento de uma vacina baseada em uma nova cepa sejam necessárias seis semanas. Outros cem dias serão fundamentais para a produção do novo imunizante e, só então, iniciam-se os procedimentos regulatórios.

Transcrito de O Globo

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