Ruy contra as próprias origens: discurso de “renovação” política e pelo fim das oligarquias
Deputado federal Ruy Carneiro

Por Eliabe Castor (*)
Os discursos que vêm pautando a fala de muitos políticos no país, atualmente, residem na “renovação”. Naquilo que é considerado como o propalado “novo”. E um desses vem do deputado federal Ruy Carneiro (PSC). Não há dúvidas em relação à qualidade de atuação do parlamentar. Projetos importantes, como ser ele coautor da Lei Seca, que tornou a legislação mais rigorosa quanto à punibilidade do crime de direção sob efeito de álcool ou outros entorpecentes, garante seu espaço em relação às boas atitudes voltadas às políticas públicas no Brasil.  


Porém, o deputado, que busca a reeleição, moldou seu próprio “Calcanhar de Aquiles”, apresentando-se como “renovação” e buscando ser contrário à perpetuação de oligarquias no poder, o que não é verde, nem mesmo meia-verdade.  Ruy Carneiro vem de uma tradicional linhagem de políticos.  

 
Ele é sobrinho-neto do ex-senador Ruy Carneiro, que permaneceu no Senado por 28 anos e governou a Paraíba entre 1940 e 1945, e do ex-deputado federal Janduhy Carneiro. Para completar o discurso pouco sustentável do agora integrante da agremiação partidária PSC, defende, ele, a eleição do seu colega de Congresso, Pedro Cunha Lima (PSDB), candidato a governador do Estado.  


E como se sabe, Pedro é filho do ex-governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, e do também ex-governador paraibano, Ronaldo Cunha Lima, que vem a ser avô do parlamentar peessedebista. E nessa escalada de conjugações verbais, nominais e políticas oligárquicas, defende Ruy Carneiro, ainda,  a postulação ao Senado de  Bruno Roberto (PL), que é filho do decano deputado federal  Wellington Roberto, também filiado ao  Partido Liberal e grande escudeiro do presidente da República, Jair Bolsonaro, também do PL.  

 
Portanto, repito, o discurso de Ruy não tem vida longa, lembrando que o parlamentar também não se configura em qualquer tipo de renovação. Sua vida pública enquanto político foi iniciada em 1993, quando se elegeu pelo extinto PMDB a vereador de João Pessoa, mantendo-se no cargo eletivo até o já longínquo 1999.  

 
Dividiu, ele, o púlpito da Casa de Napoleão Laureano com políticos experientes, a exemplo o ex-governador do Estado,  Wilson Braga, então filiado ao PDT,  a empresária Creusa Pires, também do PDT, ambos já falecidos, e o professor Avenzoar Arruda, um dos responsáveis pela criação do diretório estadual do PT na Paraíba.    

 
Por fim, como falei, Ruy tem vastos serviços prestados à sociedade paraibana, mas adotar o discurso da “renovação”, do “novo”, daquele que combate as oligarquias é um puro contrassenso que atinge, de forma certeira, a memória do povo. Para si tomou o deputado o “Calcanhar de Aquiles” a ser alvejado por seus adversários. Algo que poderia ser evitado, inclusive, por ter ele quase 30 nos de vida pública.    

 
E agora não adianta retornar. Que enfrente o deputado um erro estratégico só permitido aos neófitos que tentam ingressar na política partidária

(*) Eliabe Castor é colaborador voluntário. Os textos de sua autoria são de total responsabilidade dele e, portanto, não refletem a linha editorial do Dito e Feito-PB  

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