Documentário da TV ConJur - Ricardo Coutinho sobre o lawfare e a destruição de imagem pela Calvário: “É fatal. É é algo muito forte”.

Por Eloise Elane
O ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PT), pré-candidato ao Senado nas eleições deste ano, não tem dúvida de que os procedimentos que moveram a Operação Calvário configuram lawfare.

Na mira da Operação Calvário, comandada pelo Gaeco da Paraíba, e que o prendeu e lhe impôs medidas restritivas, Ricardo Coutinho lista uma série de dificuldades que limitavam a sua própria defesa: a destruição da imagem de homem público pela mídia; a falta de espaço na própria imprensa para o esclarecimento dos fatos; e a dificuldade de sua defesa (advogados) ter acesso às supostas provas das acusações que pesam contra si, junto à Justiça e ao órgão acusador. 


Live
As revelações de Ricardo Coutinho responderam à provocação da editora da TV Conjur, Luísa Calegari, durante a live de lançamento do documentário Justiça Contaminada: O Teatro do Lavajatismo na Paraíba, na quarta-feira (4/5). Luísa quis saber sobre as dificuldades da defesa de Ricardo em atuar no processo e os estragos que o lawfare vem provocando em sua carreira política.

O impacto de destruição da imagem e condenação antecipada, segundo Ricardo Coutinho, estão explícitos no que aconteceu em sua audiência de custódia, após prisão provisória: “A audiência de custódia, a minha, foi eu sozinho. Fomos televisionados em televisão aberta. Um constrangimento aberto; claro, para todo mundo. Eram 200 pessoas num recinto, todos com celulares ligados, transmitindo ao vivo. Você imagina o impacto disso para quem construiu uma reputação? É fatal. É algo muito forte.”

E arremata: “É muito violento tudo isso, porque não é só a institucionalidade, não é só a parcela do Ministério Público e a parcela da Justiça, mas é a mídia. A mídia não te dá um único minuto para você responder, para você esclarecer”.
Ele relatou ainda que depois de três anos de Calvário, jamais foi ouvido pela imprensa para se defender das acusações. Diz que “ninguém foi ouvido, a não ser as pessoas que estavam presas, pressionadas e com várias ameaças, até que resolveram delatar e delataram um script”.

Acesso às provas
Os advogados de defesa de Ricardo Coutinho tiveram que recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso às “supostas provas”, como afirma Ricardo. Coube ao ministro Gilmar Mendes determinar que a Justiça da Paraíba colocasse as gravações à disposição da defesa. No entanto, observa o ex-governador, até o momento não se teve acesso ao instrumento que gravou as conversas, nem mesmo à integridade das conversas.

Ricardo detalha: “Nós temos um processo completamente fora dos parâmetros formais. Você não é ouvido, não se tem provas, não se tem dinheiro, não se tem superfaturamento, não se tem desvio de recursos. Mas, foi um processo que todo mundo tomou conhecimento porque nos condenaram antes”, reforçou o ex-governador ao acrescentar não ter acesso à Globo na Paraíba, tampouco, acesso à Record, e que foi impedido de falar na Rádio Arapuan.

Perseguição política
O ex-governador Ricardo Coutinho atribui o lawfare contra a sua vida política e de seus companheiros de partido à quebra de paradigmas a partir de sua eleição ao principal cargo do Poder Executivo no Estado da Paraíba. “Foi o último Estado a sair da lógica das oligarquias, em 2010, no Nordeste. Saímos e governamos bem diferente”. 

Porém, o apoio à presidenta Dilma Rousseff para que não sofresse o impeachment e ao ex-presidente Lula contra a perseguição da Lava à Jato foram determinantes, na visão dos ex-governador, para a perseguição que estaria sofrendo hoje. 

“Após o golpe foi um preço muito caro para mim, para a minha família, para os meus companheiros, do nosso grupo”, afirmou no documentário, acrescentando que está proibido pela justiça de falar com as deputadas Cida Ramos e Estela Bezerra, de seu partido, o que o impede de fazer a campanha de pré-candidatura juntos. “Nós não podemos nos falar. Imagina como é que é. O alvo é a política, nos amordaçaram para que não pudéssemos falar”.

Por fim, relatou que em 2020, ninguém quis fazer aliança com o partido ao qual ele era filiado e que teve candidato que desistiu de concorrer uma semana antes da eleição. “Ele não diz por que, não tem coragem, fala só para algumas pessoas. Mas eu sei por que ele desistiu. A ação, as ameaças dentro da articulação política são totais”, afirma Ricardo.

O outro lado
Todas as notícias e comentários publicados pelo Dito e Feito-PB sobre o assunto é com base no documentário veiculado pela TV ConJur, do Consultor Juridico. O blog já pediu a opinião tanto do Tribunal de Justiça quando do Ministério Público sobre o documentário, mas não obteve resposta.

Conversas gravadas a respeito, que não tiveram autorização para divulgação, estão guardadas em nossos arquivos.

De qualquer forma, o blog reserva o espaço que julgarem necessário para se manifestem a respeito, em qualquer tempo.

O docunentário, na íntegra, pode ser assistido clicando aqui

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