Por Wellilngton Farias
Numa entrevista reveladora ao Dito e Feito-PB, recheada de “recados”, o ex-governador Ricardo Coutinho acusou o Governo do Estado de operar ostensivamente para desarticular o PT na Paraíba. Este fato, segundo avaliou, concorre para dificultar a relação do ex-presidente Lula com o governador João Azevêdo (PSB). Ricardo faz revelações contundentes.
Pré-candidato ao Senado pelo PT, Ricardo Coutinho acrescentou, entretanto: “Eu disse a Lula, e provavelmente ele agiria da mesma forma, que não devemos rejeitar votos aqui. Se todos na Paraíba quiserem votar em Lula não terão uma única recriminação de Ricardo.” Clique aqui para assistir à entrevista.
Concedida na sede do PT estadual, no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa, na quarta-feira (18.5), a entrevista foi conduzida pelos jornalista Eloise Elane, Adriana Bezerra e Wellington Farias, e durou quase duas horas.
Principal articulador da aliança PT-MDB na Paraíba, considerado o “homem de Lula” no Estado, Ricardo Coutinho conta como ocorreram as tratativas que culminaram com a candidatura de Veneziano Vital (MDB) ao Governo da Paraíba. Ele também demonstra muita confiança em que estará na disputa por uma cadeira no Senado Federal em 2022.
O Dito e Feito-PB está fazendo uma série de entrevistas com os principais personagens da cena política paraibana, independente de cor partidária e ideologia. A primeira foi com o pré-candidato a governador, Pedro Cunha Lima PSDB; depois, Nilvan Ferreira (PL); agora, Ricardo Coutinho (PT). A próxima será com o Cabo Gilberto. O Dito e Feito-PB endereçou mensagem ao secretário de Comunicação do Estado, Nonato Bandeira, propondo uma entrevista com o governador João Azevêdo, desde o dia 18 de maio, mas até agora não obteve resposta.
Por tópicos
A seguir, destacamos alguns tópicos com a respectiva minutagem para possibilitar que o leitor vá direto aos assuntos que mais lhe interessam, obedecendo a sequência da entrevista:
00:47:22 -A opção por apoiar Veneziano candidato a governador da Paraíba foi muito pessoal, do ex-presidente Lula. “Eu só fiz concordar.”
00:48:14 - Aliança com o MDB que é o partido que rubricou o golpe parlamentar contra a presidente Dilma, com o aval do senador Veneziano Vital.
00:54:21 - Na manifestação para Fernando Haddad, em 2018, em João Pessoa, João Azevêdo, que já estava eleito no primeiro turno se recusou a discursar em apoio ao candidato do PT à Presidência.
00:56:09 - Até que ponto a tentativa do Governo, de desarticular o PT na Paraíba, pode dificultar a ida de Lula para o palanque de João? “Eu não tenho dúvidas.”
00:18:15 – O rompimento sua gestão de governador com as oligarquias. “O que a gente estava fazendo era muito extravagante. E se a gente perdesse o pulso... Deu certo, mas a estranhezas especialmente das “elites institucionais” foi muito forte...
00:24:00 – “O poder real está sempre procurando seduzir, e se você não estiver atento ao que você é para onde você quer ir, pode sucumbir. Muitos sucumbiram”.
00:26:07 – Sobre se estaria legalmente habilitado para disputar as eleições de 2022: Aqui Ricardo Coutinho faz sua primeira referência a como aconteceram as tentativas de afastá-lo da política a partir de um suposto lawfare que atribui à Operação Calvário. Mas diz estar confiante na sua elegibilidade. E revela que tentaram até usar o seu filho menor de idade para dilacerá-lo.
00:34:10 – Sobre o retorno ao Partido dos Trabalhadores e os desentendimentos com o PSB, partido ao qual pertenceu até recentemente.
00:41:16 – Ricardo diz que a sua missão é ajudar a construir o PT. E acusa o Governo do Estado de haver operado para destruir o PT na Paraíba com o objetivo de atingi-lo, e destaca a importância de Luiz Couto e Jackson Macedo para esta tarefa de fortalecer o partido de Lula, na Paraíba.
00:46:53 – Ricardo diz que a opção do PT por apoiar a pré-candidatura do senador Veneziano Vital (MDB) foi uma escolha pessoal do ex-presidente Lula. “Além disso, acho o melhor de todos os candidatos, o que tem mais capacidade para governar a Paraíba”, afirmou.
00:48:15 – Como o Ricardo não conseguiu administrar o desconforto de estar num PSB que tomava um rumo à direita, mas apoia a pré-candidatura de Veneziano cujo partido apoiou o golpe, inclusive com o voto do senador pelo impeachment de Dilma.
00:54:21 – Numa grande manifestação pró-Haddad, em João Pessoa, no segundo turno das eleições de 2014, João Azevêdo, já eleito no primeiro turno com apoio total de Ricardo e do PT, se recusou a discursar em favor do candidato presidencial do PT. Para Ricardo, ali foi a primeira sinalização de um rompimento iminente, que se confirmaria mais tarde.
00:56:09 - Ricardo Coutinho comenta que o fato de o Governo da Paraíba ter operado para desestabilizar o PT local dificulta a relação e a possibilidade de Lula subir no palanque de João Azevêdo, embora possa acontecer porque Lula nem o PT não rejeitarão apoio de ninguém. Ele revela que também não se opõe a isso, mas há uma dificuldade face o comportamento de João Azevêdo quanto ao PT.
01:00:31 – Detalha o rompimento político com o governador João Azevêdo, seu sucessor. Rompimento tão brusco que, para alguns, é algo ensaiado, que verdadeiramente não existe. Ricardo diz que João Azevêdo está politicamente todo atrapalhado, e que há mais de um ano não acerta em nada na articulação política.
1:06:15 – Ricardo Coutinho esmiuça episódios que, segundo ele, caracterizam o lawfare praticado pela Operação Calvário. Afirma que houve uma articulação de todos os órgãos pelas “elites institucionais”. Acrescenta que “isso não começou aqui”, mas na comunidade de informações; do Ministério Público Federal. “Esse tal do Daniel, tinha trabalhado em doze Estados... Por que só a Paraíba? E Por que ele, que estava fora do Brasil, com cidadania portuguesa, tinha tirado o time, praticamente fugido, veio? Ele veio para se entregar porque já estava acordado...”, detalhou.
1:20:20 – Ricardo Coutinho também detalhou episódios da Operação Cartola, que viria a saber depois que quando foram interrogar um dos dirigentes de clube, perguntavam “onde está o dinheiro de Ricardo Coutinho?”. Á época, Ricardo ainda era governador do Estado. Aqui, o ex-governador deixa um recado: “Eu sei por que fizeram isso tudo; e, ao saber, isso me deixa forte...”
1:26:14 – Ricardo Coutinho revelou que vai escrever um livro contanto “a perseguição sórdida, violenta” contra ele. “Quero mostrar também as entranhas do poder”. Quem governa, está cercado de pessoas com os mais variados interesses. Você não deve fazer, mas muitas vezes você libera uma conversa, você estimula outro ali, você vai catando para escapar.Todo mundo tem seus interesses. Ou será que as conversas com o Procurador Geral de Justiça, por exemplo; com religioso, com profissionais, com deputados, com isso e com aquilo... Se você fosse, ao saber, ou ao ouvir ou desconfiar de qualquer coisa fora da lei, se você for simplesmente parar o governo para denunciar, você não governaria. Ele confirmou que a sua mulher, Amanda Rodrigues está escrevendo um livro em que conta o sofrimento da família face aos procedimentos da Operação Calvário.
Jornalismo plural
O Dito e Feito-PB prossegue na sua linha editorial de oferecer aos seus leitores um jornalismo plural.
Clique aqui para assistir à entrevista
Deixe seu comentário